Book Review: The House in the Cerulean Sea by TJ Klune


Em dois anos, os meus hábitos de leitura perderam-se e voltaram a encontra-me, especialmente em 2021. Desprendi-me dos preconceitos que tinha sobre mim mesma, especialmente aquela vozinha que dizia que aos 30 anos não devia andar a ler tanta fantasia e ficção. 

Graças a isto , encontrei a Regan do Peruse Project e o seu canal de youtube. Não tenho por hábito seguir booktubers, mas fiquei encantada com a sua maneira de descrever livros. No meio de tanta recomendação fantástica, há sempre um livro que Regan destaca e é o livro que trago hoje : The House in the Cerulean Sea , escrito por TJ Klune.




"He’d accepted long ago that some people, no matter how good their heart was or how much love they had to give, would always be alone. It was their lot in life, and Linus had figured out, at the age of twenty-seven, that it seemed to be that way for him. "



Vamos pelo início: Linus Baker tem 40 anos e vive uma vida pacata (e na sua cabeça, feliz) com a sua gata Calliope. Trabalha como Case Worker (espécie de assistente social) no Departamento Responsável por Jovens Mágicos - e é aqui que os non fantasy readers podem-se perder, mas fiquem comigo. 

Um dia, Linus é convocado pelo Extremely Upper Management a um caso de extrema importância e  peculiar: Linus terá de supervisionar e reportar durante um mês sobre o Orfanato na ilha de Marsyas, onde 6 crianças de uma natureza mágica única residem. 

“I have no idea what’s going on,” he said. “I’m not even sure if I’m here.” 
“Yes,” Ms. Bubblegum said sympathetically. “Sounds like quite the existential crisis.
 Perhaps consider having it somewhere else.”


Não só Linus terá de assegurar que este Orfanato é seguro, como terá de ter especial atenção no seu caretaker, uma personagem muito enigmática, carinhosa e diferente,  Arthur Parnassus. 

Este orfanato torna-se o caso mais complicado da carreira de Linus, mas talvez por razões que ele não estava à espera.

Terei que começar por dizer que quando um livro é tão cativante, pessoal e emotivo como este (tanto que me fez voltar ao blogger) , é muito difícil escrever uma book review que lhe faça justiça. Como escrever uma review de uma obra com tantas camadas, sem destruir a fantástica experiência e felicidade que se obtém ao ler este livro pela primeira vez?

TJ Klune faz num livro o que muitos escritores falham em extensas sagas de fantasia: dá uma história distinta a todas as personagens, especialmente as crianças, o que se traduz numa viagem deliciosa de descoberta e crescimento destas. A Magia neste livro não está presente só pelo facto de ser Magia , mas sim como parte do crescimento destas crianças, tal como tarefas de casa, hobbies (como colecionar botões em substituiçao de ouro precioso) e trabalhos de casa.

“Humanity is so weird. If we’re not laughing, we’re crying or running for our lives because monsters are trying to eat us. And they don’t even have to be real monsters. They could be the ones we make up in our heads. Don’t you think that’s weird?”



Linus é tudo o que se pede numa personagem principal. Apesar de todas as personagens serem candidatas , ele é o meu favorito. Em todo o livro, a linha corrente no crescimento de Linus é que ele preocupa-se genuinamente com todos os aspectos da sua vida, mas principalmente com as crianças que o seu trabalho afecta. A maneira como os pequenos detalhes no mundano não lhe escapa traduz-se em reacções prazerosas e simples, algo que me relacionei bastante. 

Arthur é como um livro aberto e nunca esconde que a sua prioridade é que estas crianças cresçam e descubram todos os aspectos da sua personalidade, incluindo a extensão dos seus poderes, algo que não é bem visto pelo Extreme Upper Managament. Sim, há um mistério sobre esta personagem que é estabelecido como o clímax do livro, que acaba por ser uma revelação desoladora, íntima e bonita.

“I am but paper. Brittle and thin. I am held up to the sun, and it shines right through me. I get written on, and I can never be used again. These scratches are a history. They’re a story. They tell things for others to read, but they only see the words, and not what the words are written upon. 
I am but paper, and though there are many like me, none are exactly the same. I am parched parchment. I have lines. I have holes. Get me wet, and I melt. Light me on fire, and I burn. Take me in hardened hands, and I crumple. I tear. 
I am but paper. Brittle and thin.”


Todas estas personagens em algum momento da sua vida foram abandonadas de uma maneira ou outra, e é aí que reside o impacto deste livro; como o autor as reúne e juntas, descobrem o valor de serem elas próprias, o sentido de pertença . A maneira como o autor aborda o preconceito, trauma e abandono, ao mesmo tempo que desenvolve estas personagens, é fantástica e genial. 

Sem estragar o final, é tão bonito e até engraçado de ver como Linus apela à mudança de coração nos outros , sendo algo que ele - um homem gay introvertido que vive nos cantos da sociedade - esperou todos os dias que aconteça, até que vê genuinamente acontecer nesta família disfuncional que encontra.

Espero que tenha encorajado a pegarem neste livro. Nem que seja uma pessoa - para mim já valeu a pena!



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