Book Review: Piranesi de Susanna Clarke

Demorei algum tempo a escrever esta review porque assustou-me a imensidão desta história, condensada num livro tão pequeno. Este livro foi-me recomendado pela Rita (obrigada!) e acho mesmo que a minha percepção literária mudou radicalmente depois de o ler. 

É um exercício ingrato e até quase desnecessário de recomendar este livro, até porque qualquer detalhe é spoiler imediato. 

Este é daqueles que terão de ir às cegas na viagem.

"Perhaps that is what it is like being with other people. Perhaps even people you like and admire immensely can make you see the World in ways you would rather not"

Piranesi é a nossa personagem principal que vive numa casa enorme cheia de estátuas e onde os halls inferiores são inundados periodicamente por ondas. Piranesi enche os seus dias escrevendo no seu diário sobre a Casa, mapeando o labirinto de quartos , conversando com pássaros e cuidando dos treze esqueltos dentro da Casa. 

Duas vezes por semana, tem uma reunião com o Outro, para comparar as pesquisas de ambos. O Outro acredita que  a Casa contém um segredo para alcançar conhecimento máximo . Piranesi não está interessado nesta conquista mas regojiza estas reuniões, sendo o seu único contacto com outro ser humano (vivo).

A Casa, conseguimos perceber ao longo do livro, é um mundo privado cheio de símbolos que podem ser interpretados de várias maneiras.  A descrição gradual dos quartos e das actividades de Piranesi levam-nos para um desenvolvimento estranho e conseguimos perceber que Piranesi sofre de perda de memória - Piranesi não se lembra quem é ou de quaisquer eventos que o trouxeram até ao presente.  Sabemos que perda de memória é também um indicador de trauma e para mim, o ponto mais interessante de todo o livro, é perceber a razão que levou Piranesi a esquecer para se manter inteiro.

Pouco mais poderei dizer e acho que o que escrevi pode, para algumas pessoas, já ser um grande spoiler.

 

Posso com confiança dizer que nunca li um livro assim e que Piranesi será daquelas personagens que ficam para a vida.

Classificação: 5/5 ⭐

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Soundtrack aconselhada: 1997 de Saint Motel