Book Review: The Burning God de R.F.Kuang (The Poppy War Trilogy #3)

 “You don't fix hurts by pretending they never happened. You treat them like infected wounds. You dig deep with a burning knife and gouge out the rotten flesh and then, maybe, you have a chance to heal.”


Finais são difíceis de escrever e de ler. Estava tanto apreensiva como ansiosa ao começar o The Burning God e mais uma vez, fui atingida com uma onda de choque de mestria da escrita de Kuang. 

Este último capítulo da trilogia começa com Nikan no meio de uma guerra civil, Rin no comando da Southern Coalition com a Phoenix em liberdade desenfreada contra a República

Imediatamente, reconhecemos uma mudança em Rin - ela já não é a mesma criança assustada, manipulada numa arma de guerra; desta vez, encontramos uma líder e estratega feroz, motivando as suas pessoas na tentativa de recuperar o seu país. 

Como escrevi na minha review do primeiro livro, Rin é o culminar do conceito de anti-heroína e continua a sê-lo até ao fim devastador desta saga. Rin é tratada como uma arma a sua vida toda, cuspida, experimentada como rato de laboratório e descartada por homens poderosos, presa num ciclo de violência e trauma como o seu povo oprimido. O trauma de Rin corre tão fundo nas suas veias, que senti as suas cicatrizes em mim. 

“It doesn’t go away. It never will. But when it hurts, lean into it. It’s so much harder to stay alive. That doesn’t mean you don’t deserve to live. It means you’re brave.”

O consolo da nossa protagonista materializa-se no seu companheiro Kitay. Não consigo escrever ainda sobre Kitay ou sequer sobre a amizade destas duas personagens, já que sou assolada de lágrimas e um pesar no coração. Fica aqui a semente para que o vão descobrir, prometo que vale a pena. 

Sinto que podia escrever toda uma tese de mestrado sobre a maneira como R.F.Kuang aborda estratégia militar e colonialismo, aliado mais uma vez a guerra psicológica. As cenas de luta são descritas com tamanha brutalidade que mostra o melhor e o pior, tanto de humanos como dos deuses. The Burning God encapsula o que acontece quando os humanos vão demasiado longe ao tentar aceder e roubar os poderes dos deuses - e não é bonito de se ver.


“Take what you want. I’ll hate you for it. 
But I’ll love you forever. I can’t help but love you.”


Este livro ilustra como há dois lados da mesma história, tanto sobre a história de um país como histórias pessoais e vemos Rin e tantos outros a tentar recuperar, reescrever e criar os seus heróis e vilões. 

O capítulo final é uma chapada fria. Passei três dias a reler constantemente essas páginas para tentar absorver o quão triste e poético foi, um retrato perfeito de Runin até ao fim.

Seguirei todo o trabalho da autora e estou já ansiosa de receber o próximo, "Babel, or The Necessity of Violence: An Arcane History of the Oxford Translators' Revolution".

Classificação: 5/5 ⭐
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