Book Review: The Dragon Republic de R.F.Kuang (The Poppy War Trilogy, #2)

 “People will seek to use you or destroy you. If you want to live, you must pick a side. So do not shirk from war, child. Do not flinch from suffering. When you hear screaming, run toward it.”


Cada vez que acho que não posso ficar mais chocada, R.F.Kuang prova que posso sempre estar errada. Fá-lo de uma maneira que o meu coração fica aflito de tantas emoções, quase impossíveis de discernir.  Spoiler, eu dei uma avaliação de 5 estrelas a toda a esta saga, mas The Dragon Republic é sem dúvida o meu favorito. 

O livro começa onde o seu predecessor nos deixa, com Rin presa às consequências das suas acções terríveis, que culminaram com o fim da Terceira Poppy War. Após outra traição, Rin é agora a líder dos Cike e tem como missão destruir esse mesmo traidor e desencadear a sua raiva fulminante nos responsáveis das mortes de milhões de cidadãos de Nikan

Rin, assombrada pelos eventos da sua vida, depende do uso ilícito de opio para se manter sã até que, do nada, aparece Yin Vaisra, Dragon Wardlord, com a promessa de uma república democrática que dará à nossa protagonista a vingança que ela tanta anseia, final e brutal. 


A paixão de Rin, trauma, culpa e humanização das suas falhas é a minha fraqueza nesta história. Ela cresce com uma espada no coração e agora, sozinha, volta a ser uma criança assustada com a descoberta de quem ela verdadeiramente é. A maneira como o luto a consome mas sempre com uma fagulha de esperança acesa, a crença que algo de bom está para vir, é ainda brilhantemente narrada.

“The anger was a shield. The anger helped her to keep from remembering what she'd done. Because as long as she was angry, then it was okay — she'd acted within reason. She was afraid that if she stopped being angry, she might crack apart.”

Há algumas revelações de outros personagens que deixou a minha mente exausta com os pensamentos das ramificações que trouxeram para a história. Nenhum personagem sente-se secundário e a habilidade de Kuang trazer certos personagens em foco e perspectiva diferente, é brilhante, 

Com uma perícia brilhante, a autora desenrola este livro com a mesma tensão e precisão que trouxe sucesso ao primeiro. A acção torna-se num sufoco, a magia mais negra e as traições mais atormentadoras que antes. Senti a cabeça a rodar e senti que segurava a respiração à medida que os capítulos iam avançado. 

Mesmo com este sufoco, senti-me maravilhada como a autora descreveu os redores deste mundo e a maneira como desenvolveu as personagens. Kuang é mestre em descrever beleza, brutalidade e opressão com o mesmo impacto.  As cenas de batalha e sequências finais de guerra são imersivas e destrutivas, recheadas de política militar e poderes incríveis, tanto que os efeitos físicos e psicológicos são sentidos muito além das páginas lidas. 


“And you think you're on the brink of madness, you think that this moment is going to be when you finally snap, but it's not."How do you know that?"
"Because it gets easier every time. Eventually you learn to exist on the precipice of insanity.”


Outro tema bastante presente é o colorismo e sim, a humanidade de Rin é posta em questão, não só pelas suas habilidades como shaman, mas também pela sua etnicidade. A mentalidade de superioridade e a arrogância racista destes pensamentos é um fio condutor da história. Mais uma vez, a maneira como este tema e outros são tecidos na história, surpreendeu-me bastante, com a autora mostrando como os humanos são capazes de actos terríveis com a guerra como desculpa e pano de fundo.

 
Não consigo descrever o quão imersiva esta trilogia é, terão de ler vocês próprios. Acho mesmo que esta review não faz justiça a este livro. Estou ainda sem palavras, atordoada e num poço de emoções que não quero de lá sair. 



Classificação: 5/5 ⭐
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